sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A importância do pai.

Quando chega a notícia de que vem um bebê por aí, todas as atenções se voltam para a mãe e para a criança. Nada contra, é claro, que a mamãe seja mimada, paparicada e bem cuidada. Mas, em meio a tanta empolgação, nos esquecemos de uma figura tão importante quanto ela. E não custa dividir os holofotes com o pai, não é mesmo? Conversamos com especialistas e enumeramos as razões que fazem a presença do pai ser tão importante no pré-natal e no pós-parto. 1. Qual a importância do pai no pré-natal? “A principal tarefa do marido é não se deixar ser excluído pelo obstetra, que muitas vezes conhece a moça desde menina e o olha como um intruso. O marido precisa ter consciência de seu papel, de que é mais importante que o médico, de que é o verdadeiro companheiro da mulher. Antes de ser pai, ele é homem. E ela, antes de ser mãe, é sua mulher. Assim ele será melhor pai, ela será melhor mãe e juntos continuarão a ser um bom casal”, defende o psicanalista Francisco Daudt. “O pai deve dar assistência em tudo que a grávida necessite – tanto nos cuidados com o bebê como com ela mesma. Ele deve estar atento às consultas médicas, aos exames necessários, à alimentação e ao controle do peso dela. Tudo isso é importante para que a gestação não se torne mais pesada para a mãe do que para o pai”, acrescenta a psicóloga Cristiane Gai. “É interessante que o marido participe dos exames no pré-natal, uma forma também de curtir a gravidez e, assim, auxiliar na elaboração de sua nova condição, que é ser pai. Essa relação ajuda na formação de um vínculo entre pai e filho, mesmo com o bebê ainda dentro do útero”, finaliza a psicóloga Isis Pupo. 2. É importante o pai estar na sala de parto? O fundamental é o apoio, e isso varia de acordo com cada casal. “No parto, o papel paterno é de compreensão pelo momento único que a mulher está passando, pelas dores que ele jamais vai sentir, por exemplo. Acima de tudo, a presença do pai deve ajudar a gestante a se sentir segura”, explica a psicóloga Cristiane Gai. Na opinião do psicanalista Francisco Daudt, o marido deve apoiar a mulher, estar a seu lado, dar-lhe a mão. “Friso que, antes de pai e mãe, eles são marido e mulher”, ele diz. Se o seu marido entra em pânico só de pensar na sala de parto, fique calma. A psicóloga Isis Pupo defende que estar na sala de parto é opcional: “Deve-se respeitar os próprios limites. O ideal é assistir ao parto se for para passar tranquilidade e apoio à mãe e ao bebê. Caso contrário, é melhor esperar que o recém-nascido chegue ao berçário”. 3. Algumas mães afastam o pai da criança nos primeiros meses por achar que só elas dominam o jeito certo de fazer as coisas. Como resolver essa situação para a mãe se sentir segura e o pai não se sentir excluído? “Desde o momento que o bebê nasce, o ideal é que o pai participe dos cuidados com a criança: ele deve assistir ao banho demonstrativo, que é realizado em diversos hospitais, conversar com os pediatras e enfermeiras, não ter vergonha de perguntar e arriscar, afinal nenhum filho vem com manual de instruções. A aprendizagem só vem com a prática, e as mães também passam por isso. Se, mesmo com todo esse esforço, ainda houver desconfiança, vale ter uma boa conversa e expor os sentimentos para a parceira”, incentiva a psicóloga Isis Pupo. Para o psicanalista Francisco Daudt, a divisão de tarefas e responsabilidades é importante porque “retira da mulher a monumentalidade massacrante que transforma uma jovem moleca brincalhona num ser enorme chamado mãe”. Já a psicóloga Cristiane Gai sugere: “O pós-parto é um período muito complicado para o homem. A solução é tentar participar ao máximo, seja cantando uma cantiga de ninar, seja ajudando na troca de fraldas e no banho. E, além disso, ter em mente que essa fase vai passar”. 4. O que o pai pode fazer para ajudar no pós-parto? “O que ele aprendeu antes (ou o que deveria ter aprendido): dar banho no bebê, alternar quem atende a criança nas acordadas noturnas, trocar fraldas, ajudar a mãe a preparar o peito para a amamentação e, sobretudo, continuar a ser marido e companheiro de sua mulher”, enfatiza o psicanalista Fernando Daudt. 5. Se o casal estiver separado, como o pai pode participar do dia a dia do bebê? “No pós-parto e por toda a vida, o pai deve participar o máximo possível da rotina de seu filho. Isso vale também para os pais separados. É interessante conversar com aquele que fica mais tempo com o bebê e perguntar sobre seus gostos e suas preferências. Fazer parte da vida de um filho é fazer parte de seu mundo, é conhecê-lo. Desde o útero, a criança já escuta e discrimina a voz dos pais devido à diferença de tonalidade. Portanto, o vínculo do bebê com a figura paterna se inicia ainda no útero”, finaliza a psicóloga Isis Pupo. 5.Ausência do pai pode comprometer saúde da criança É o que revelam pesquisas recentes. A presença da figura paterna ajuda a afastar problemas como a obesidade e uma série de transtornos psicológicos Por André Santoro Quem nunca presenciou uma cena como a que sugere a da foto ao lado? Imerso na leitura do jornal, o pai ignora solenemente o filho, que suplica por alguns momentos de atenção. Frustrada com a rejeição paterna — que remédio? —, a criança se retira e vai brincar sozinha ou com algum amiguinho. Se isso acontece uma vez ou outra, nenhum problema. Agora, caso vire rotina, ela pode levar para a vida adulta uma série de transtornos psicológicos. A curtíssimo prazo, ou seja, ainda na infância, esse distanciamento acaba até mesmo afetando a saúde do pequeno enjeitado. Vamos abrir mão de preconceitos: as mães também podem assumir essa postura de pouco caso. Mas o que você vai ler aqui são revelações que focam a figura do pai. Um deles vem do outro lado do mundo. A pediatra Melissa Wake, do Royal Children’s Hospital, em Melbourne, na Austrália, acaba de realizar uma pesquisa com quase 5 mil crianças entre 4 e 5 anos. Ela descobriu que a incidência de sobrepeso e obesidade na garotada em idade pré-escolar tem relação direta com a negligência dos papais. Por que isso acontece? Ninguém sabe ainda. “Aguardamos novas investigações para chegar a conclusões definitivas”, diz a especialista. “Mas a mensagem principal é que não devemos culpar só as mães pelos quilos a mais dos filhos”, afirma. Ou seja, mesmo que elas sejam as responsáveis pela alimentação da garotada, como acontece em muitas famílias. Leias mais no site http://bebe.abril.com.br/familia/serpai/pai-ausente.php